quarta-feira, novembro 15
Amizades improváveis
Quando a conheci tinha 18 anos. Ela 68. Não tínhamos uma relação estreita, víamo-nos 2 ou 3 vezes por ano, nas festas de anos das netas, por alturas do natal e pouco mais. Não haviam razões nenhumas para gostarmos mais ou menos uma da outra. Não éramos chegadas, o marido (que fazia dela gato sapato) irritava-me solenemente, quase sempre que nos víamos estava muito mais gente e as conversas nunca iam muito além do básico. Mas sabe-se lá porquê, a empatia foi imediata, e o carinho especial que desenvolvemos uma pela outra permaneceu sempre. Sei que ela sentia por mim o mesmo que eu por ela. Mesmo sem falarmos. É daquelas coisas que sabemos e pronto. Os abraços eram mais apertados, longos e sentidos, o tom de voz mais suave, e quando perguntávamos uma à outra se estava tudo bem, estávamos mesmo interessadas na resposta. Os anos foram passando, a saúde dela piorando, e quando fui embora da última vez, sabia que ela estava velhota e fraca, mas como a esperança é mesmo a última a morrer, sempre pensei que ainda a viria abraçar quando chegasse. Como tantas outras vezes a esperança enganou-me e antes de eu voltar o cansaço levou-a. Ficaram-me as saudades.
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9 comentários:
[[Patrícia]]
E porque a vida é feita de ganhos e perdas "Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." (Antoine de Saint-Exupery).
:(
Bijinhos
:(
Abraço apertadinho!
E o carinho que tão bem transmitis-te nestas palavras.
Beijos grandes, Patrícia!
Força aí. Dentro do teu peito, ela nunca deixará de sorrir!
Se calhar, não era assim tão improvável quanto isso...
Beijo.
Nestas coisas valem os beijos dos amigos; por isso toma lá um... e bem grande!
é INESQUECÍVEL :)
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