sábado, dezembro 3

1 ano

No dia 1 de Dezembro fez um ano que aqui chegamos, da última vez. Antes disso tínhamos cá estado os últimos 4 meses de 2002 e 6 meses entre 2003 e 2004. Ontem enquanto pensava que este último ano tinha passado tão devagar e ao mesmo tempo tão depressa pensava no que foi para nós esta decisão.

Desde o principio, entre amigos, conhecidos e outros que não sendo uma coisa e mal sendo a outra, tinham que meter o bedelho e deixar expressa a sua opinião, duas opiniões extremas e muito diferentes foram defendidas.
A versão maravilha: Os que diziam que ia ser uma grande aventura, que ia ser tudo bom, que éramos uns sortudos e isto era o melhor que nos podia acontecer na vida. Iam ser umas férias prolongadas!!!
A versão mártires: Os que pondo uma cara pesarosa afirmavam vezes sem conta que fazíamos bem, às vezes é preciso fazer sacrifícios na vida, ia custar muito, mas no fim voltávamos numa situação melhor (!?), e mal por mal tinhamo-nos um ao outro para nos consolarmos.
Claro que como tudo na vida, a nossa vinda não foi uma coisa nem a outra, mas uma situação intermédia com apontamentos de uma e de outra versões extremas. Claro que houve alturas em que as saudades e a vontade de ver certas pessoas era tanta que até apetecia dar cabeçadas na parede, mas a verdade também é que eu não trocava o que aprendi, vi e passei nestes últimos anos por nada.

Descobri que não tenho espírito de imigrante. Estou demasiado próxima dos meus amigos e família em Portugal para pensar em me mudar para outro país a termo incerto.
Descobri que gosto de ser portuguesa e do que isso acarreta em termos culturais.

Descobri que Portugal é efectivamente uma merda em muitas coisas, mas também descobri que há muito defeitosinho e maneira de fazer as coisas que eu atribuía imediatamente ao facto de estarmos em Portugal e que afinal também acontecem e são feitas noutros sítios.
Descobri que não ter terceiros com quem desanuviar a cabeça quando algo não corre bem, que viver efectivamente a dois, sem mais ninguém a quem recorrer para opiniões, decisões etc pode ser um grande teste numa relação, mas também descobri que essa ausência de outros pode ser muito saborosa e enriquecedora.
E descobri e aprendi muitas outras coisas que suponho me fazem uma pessoa mais rica interiormente (sim, porque a situação melhor em que vamos voltar continuo a pensar qual será!?!), e me vão fazer ser uma pessoa diferente nem que seja porque vi(vi) outras experiências.

12 comentários:

Leonor disse...

Adorei este post! Beijinhos grandes

Cenoura disse...

São essas as descobertas verdadeiramente enriquecedoras.
:)

Joana disse...

Eu estou quase como tu...excepto que neste momento dava um braco e uma perna (como dizem os bifes) para poder voltar para Portugal
Nem sei se ria se chore

fantasma disse...

E graças a estares aí temos este blog que nos transporta para outros lugares... É preciso ver o positivo. E quando voltares tens toda a gente à tua espera :)
Bjos

Anónimo disse...

Bom, isso são já uns 6% da tua vida na Tasmânia!

Eu acho que o estado de espirito do emigrante é sempre esse, i.e., pensar "estou por aqui um bocado mas vou já voltar para casa", mesmo que se fique 30 anos em Toulouse ou 40 em Joanesburgo. Será que algum emigrante chega a um sítio qualquer e pensa "Esta vai ser a minha casa para o resto da minha vida"? Imagina, Patrícia, que agora sabias que tinhas de ficar aí, pelo menos, mais 30 anos. É assustador, não é? É por isso que a vida no estrangeiro (seja a estudar por 1 ano ou a trabalhar por 40) é sempre ambígua de viver, porque as nossas escolhas são sempre baseadas no curto prazo, porque no longo já estamos em casa. Vive-se, no dia-a-dia, sempre a curto prazo. É como quando estamos para comprar uma casa nova. Devia pintar esta parede mas daqui a 1 ano mudo-me. Este sofá ficava tão bem na minha sala, mas já agora espero pela casa nova.

Beijinhos e até já,
Viktor

Jugger27 disse...

Nas palavras de um jornalista (por curiosidade, australiano): por vezes é necessário dar uma volta ao mundo, para aprender a melhor apreciar a nossa terra!

Beijos

Tânia disse...

Estou como a Fantasma. Então e ficávamos sem fotos????
bjs

Di disse...

Isto de estar no estrangeiro confesso que não é nada fácil, tal como tu, Patrícia, estou demasiada apegada a Portugal. Mas neste momento sei que o meu lugar é aqui, em Manchester, para um dia ter um futuro melhor em Portugal. É este pensamento que me faz ficar aqui longe de tudo o que mais gosto.
Boa sorte por aí!

Loca disse...

Miguita, como eu costumo dizer: No fim bate sempre tudo certo!
Bêjos, divirtam-se por aí e depois voltem pra cá.

fee disse...

Gostei de ler o teu post e gosto do teu blog, porque também estou afastada de casa há 2 mês e meio, e vão ser 5 meses, mas entretanto ainda vou a casa nas férias de Natal. Sinto algumas das coisas que disseste, com a diferença que estou em Potsdam (Alemanha) completamente sozinha, mas também tem sido positivo, porque tenho aprendido a estar comigo mesma, coisa que em Portugal não conseguia fazer.
Também concordo contigo, quando dizes que passamos a dar mais valor ao nosso pequeno país, embora as circunstãncias não sejam as melhores. E as saudades? Carregamos mesmo o fardo de sermos portugueses! Desejo-te imensa sorte:) Beijinho

Anónimo disse...

Adorei!
Realmente não há como sair, da rotina ou da vidinha que a gente leva, para nos alargar os horizontes.
Beijos

Anónimo disse...

E sabes o que é importante?
É aprendermos a dar valor a tantas pequenas coisas que nos rodeiam, e ás quais não ligamos nenhuma, mas que se forem contempladas trazem-nos um sentimento de preenchimento.E estes são momentos de felicidade.
Adoro-te, tenho MUITAS SAUDADES e não tarda nada estou a ir para aí para te trazer por uma orelha.